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Makima: O Demônio do Controle em Chainsaw Man

23-04-2025

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Se existe uma personagem capaz de personificar a bizarria e o fascínio em níveis surpreendentes, essa figura é inegavelmente Makima, do aclamado mangá e anime Chainsaw Man. Sua presença magnética prende a atenção, instiga a curiosidade e, em muitos casos, evoca um temor palpável. Neste artigo, mergulharemos nas profundezas da psique de uma das personagens mais complexas e intrigantes da obra, explorando suas motivações obscuras, suas artimanhas manipuladoras e, surpreendentemente, sua jornada rumo a uma peculiar forma de redenção.

Para compreendermos a totalidade da personagem, nossa análise será dividida em três partes cruciais. Inicialmente, desvendaremos a identidade de Makima e o seu papel fundamental na narrativa. Em seguida, exploraremos suas características marcantes, a maestria de sua manipulação e as engrenagens que movem suas ações. Por fim, na terceira e última parte, nos debruçaremos sobre sua redenção, um arco que se concretiza de maneira singular na segunda parte do mangá.

Makima é introduzida como uma líder fria e elegante, exercendo uma influência considerável dentro da segurança pública, a organização encarregada de caçar e eliminar demônios, algo comparável a uma polícia federal especializada ou aos icônicos Homens de Preto. Desde sua primeira aparição, Makima exibe uma postura que a distancia dos demais personagens. Sua confiança inabalável e segurança quase palpável sugerem um controle absoluto sobre as situações que a cercam. E essa impressão não é equivocada: ela é a personificação do Demônio do Controle.

Neste ponto, torna-se essencial um breve, porém crucial, interlúdio sobre o intrincado sistema de poder que rege o universo de Chainsaw Man. Cada demônio existente está intrinsecamente ligado a um conceito específico, seja ele a guerra, a fome, a morte, a violência, a eternidade, e assim por diante. A força de um demônio é diretamente proporcional ao medo que esse conceito evoca, tanto em humanos quanto em outros demônios. O próprio Chainsaw Man é um exemplo emblemático desse sistema, sua imensa força deriva do temor que ele inspira nos demônios. No caso peculiar de Makima, o controle em si pode não parecer um conceito tão temível à primeira vista. Contudo, sua fonte de poder pode residir no medo primordial que as pessoas nutrem em relação à perda de controle, o que confere total sentido à sua força.

O ponto fulcral é que o poder de Makima está intrinsecamente ligado à segurança. Sua habilidade primária reside em controlar indivíduos, sejam eles humanos ou demônios. Para exercer esse controle, ela necessita se perceber como superior à criatura em questão. Essa autopercepção de superioridade é a base de seu comportamento confiante, beirando a arrogância, e justifica sua capacidade de manipular aqueles ao seu redor. Em sua perspectiva, o mundo se torna um parque de diversões, e todos os seus habitantes, brinquedos à sua disposição.

Entretanto, a manipulação de Makima não é motivada por mera maldade gratuita. Pelo contrário, ela age impulsionada por uma necessidade intrínseca de exercer controle absoluto sobre tudo e todos ao seu redor. Essa compulsão é parte inerente de sua natureza demoníaca, algo inevitável que se torna ainda mais evidente na segunda parte do mangá.

Desde o início da narrativa, Makima demonstra uma maestria tanto no controle literal, através de seus poderes, quanto no controle figurado, manipulando as pessoas para que acreditem que suas decisões são próprias, quando na verdade são reflexo dos desejos de Makima. Um exemplo precoce e marcante ocorre em seu primeiro encontro com Denji, o protagonista. Ao encontrar um jovem pobre, sofrido e solitário, Makima rapidamente o envolve em sua teia de manipulação, oferecendo migalhas de afeto e atenção que ele desesperadamente anseia. Essa cena ilustra a profunda compreensão que Makima possui das necessidades individuais e como ela explora essas vulnerabilidades para exercer controle. No caso de Denji, é o afeto; para Aki, a vingança; para Power, a ganância, e assim por diante.

A relação de Makima com Denji é um estudo de caso em manipulação emocional constante. Ela oferece afeto, atenção e até recompensas físicas, tudo com o objetivo de mantê-lo obediente e motivado a cumprir suas ordens. O resultado desse "adestramento" é que Denji passa grande parte da primeira fase do mangá buscando desesperadamente sua aprovação e atenção, tornando-se totalmente dependente dela. O clímax dessa dinâmica ocorre quando Makima ordena que Denji abra a porta para que ela possa matar Power, um teste de fidelidade extremo que também elimina uma crescente ameaça ao seu controle sobre o protagonista.

Essa obsessão por controle define a complexidade de Makima. Ao mesmo tempo em que é uma necessidade inata, ela demonstra uma habilidade excepcional em exercê-lo. Sua afinidade com cães, animais naturalmente obedientes, reflete sua visão do mundo, onde cada indivíduo possui um papel e deve lealdade absoluta ao líder da matilha: ela mesma.

Makima transcende a figura da vilã unidimensional. Ela não se encaixa nos padrões de vilões caóticos, maléficos por prazer ou com motivações aparentemente justificadas. Ela transita entre essas categorias, dependendo da perspectiva do observador. Makima é a personificação do controle, e compreendê-la apenas sob uma lente moral humana pode ser infrutífero, dada a sua natureza e lógica fundamentalmente diferentes.

Essa compreensão nos leva à segunda parte de nossa análise, onde exploraremos em detalhes a visão de mundo distorcida de Makima e suas motivações subjacentes. Sua inteligência sagaz e sua natureza sádica se unem em um plano meticulosamente elaborado desde o início da obra.

A escolha de Aki e Power como parceiros de Denji é um exemplo primário da estratégia de Makima. Ela previu o desenvolvimento de laços familiares entre os três, sabendo como explorar as vulnerabilidades de cada um. Aki, com sua personalidade calma e histórico de trauma e desejo de vingança contra o Demônio Pistola, era o mais fácil de controlar. Power, uma garota de idade próxima à de Denji e igualmente excêntrica, serviu como um elo para mantê-lo por perto, explorando sua libido. No entanto, a importância de Power residia também em seu isolamento e busca por conexão, algo que ela encontrou em Denji.

O isolamento, uma ferramenta clássica de manipulação, foi crucial para os três. Sem redes de apoio, eles se tornaram mais suscetíveis à influência de Makima, aceitando suas ordens sem questionar, pois ela representava a única constante em suas vidas. Makima orquestrou a possessão de Aki pelo Demônio Pistola, forçando um confronto fatal com Chainsaw Man e mergulhando Denji em uma profunda depressão. Nesse momento de vulnerabilidade, Makima ofereceu conforto e atenção, levando-o a desejar fazer parte de seu mundo de "felicidade" com seus inúmeros cães.

O pedido de Denji para se tornar o cachorro de Makima, embora interpretado por muitos como burrice, revela a profundidade da manipulação da vilã. Denji, alheio ao papel de Makima na morte de Aki, via nela a única fonte de apoio e felicidade. Esse desejo de submissão era exatamente o objetivo de Makima: que Denji renunciasse à sua própria vontade e se tornasse totalmente dependente dela, o que, na prática, significaria a obediência do Chainsaw Man, o demônio que ela tanto admirava.

Mas por que tudo isso? Qual a motivação por trás das ações de Makima? É aqui que a personagem se torna ainda mais fascinante. Makima almeja um mundo melhor, livre de fome, guerra e morte, um objetivo aparentemente nobre. Para alcançar essa utopia distorcida, ela pretende utilizar o poder único do Chainsaw Man de apagar demônios da existência ao devorá-los, quebrando o ciclo de renascimento entre a Terra e o Inferno.

Na visão de Makima, a única maneira de concretizar esse mundo ideal é através do controle total sobre a humanidade. Ela imagina um lugar sem liberdade individual, onde tudo e todos estão sob seu domínio, eliminando assim conflitos e injustiças. Essa visão levanta uma questão ética complexa: a supressão da liberdade em troca de segurança e ausência de sofrimento seria um preço justo a pagar? O plano de Makima ecoa dilemas filosóficos sobre a natureza da liberdade e da ordem.

Diante dessa ambição, as mortes e tragédias causadas por Makima ganham uma nova perspectiva. Seriam elas justificáveis em nome de um bem maior? Essa é uma questão que convida à reflexão e ao debate. O ponto crucial é que julgar Makima puramente sob nossos padrões morais pode obscurecer a compreensão de sua lógica, que se baseia em sua necessidade intrínseca de controlar e em sua crença de que essa dominação serve a um propósito maior.

Após testemunharmos a extensão da manipulação de Makima e suas motivações controversas, chegamos à parte final e talvez a mais surpreendente da análise: sua redenção, ou melhor, a redenção de Nayuta. Após a batalha final entre Denji e Makima, o protagonista a derrota. Contudo, a morte não é o fim para um demônio. Makima reencarna no Inferno e, posteriormente, na Terra, na forma de Nayuta, uma garotinha adorável que Denji decide adotar como irmã mais nova. Seu objetivo é criá-la longe da influência do governo, evitando que ela se torne uma arma como Makima.

É crucial entender que Nayuta é a reencarnação do Demônio do Controle, mas não de Makima em si. Ela não possui as memórias ou a personalidade de sua encarnação anterior. As semelhanças entre elas derivam da natureza do Demônio do Controle, como o gosto por cães, que reforça a ideia de que esses animais aceitam o controle mais facilmente.

A relação entre Denji e Nayuta é um dos aspectos mais fascinantes da segunda parte do mangá. Nayuta é uma criança com seus 8 ou 10 anos, inocente e direta, em contraste com os planos elaborados de Makima. Essa dinâmica cria um contraste interessante. Makima, impulsionada por sua necessidade de superioridade, sempre buscou um igual, alguém que pudesse realmente se equiparar a ela, como sua fascinação pelo Chainsaw Man demonstrava.

Ironia do destino, sua reencarnação, Nayuta, possui o que Makima tanto almejou: uma relação de igualdade e amor com Denji. As cenas que retratam o carinho, o ciúme e até a possessividade entre os dois, permeadas por afeto genuíno, contrastam fortemente com a frieza e a manipulação que marcaram a existência de Makima. Nayuta parece indiferente ao mundo humano, exceto quando Denji está envolvido. Sua preocupação primordial é o bem-estar de seu "irmão", um ser poderoso, mas emocionalmente frágil e dependente dela em muitos aspectos.

Emocionalmente, Nayuta ecoa a vulnerabilidade de Denji da primeira parte. Ambos compartilham uma apatia generalizada, mas nutrem sentimentos intensos por um grupo específico de indivíduos (ou animais, no caso de Nayuta). A diferença reside na gênese desses sentimentos: Denji os desenvolveu através do trauma e do sofrimento, enquanto Nayuta os construiu através do carinho e da atenção de Denji. Em essência, Denji conseguiu oferecer a Nayuta a infância que lhe foi negada, trilhando um caminho oposto ao de Makima.

Nayuta funciona como uma forma engenhosa de redimir o conceito de Makima, provando que o Demônio do Controle pode ser bom, mesmo que a personagem Makima em si permaneça uma figura complexa e moralmente ambígua. Sua introdução tardia na narrativa se encaixa surpreendentemente bem, como se ela sempre tivesse feito parte da história, justamente por representar um futuro alternativo para o potencial de Makima.

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