O universo intrigante de To Be Hero X continua a se expandir, explorando um mundo onde indivíduos adquirem habilidades extraordinárias baseadas na fé ou no medo das pessoas, trazendo à tona tanto heróis quanto vilões. O terceiro episódio mergulhou em uma narrativa tocante sobre uma jovem determinada a libertar um herói de seu passado – um bombeiro que a salvara e que agora se via aprisionado pelos próprios poderes, que se assemelhavam mais a uma maldição.

O episódio não poupou referências ousadas, inclusive uma clara alusão a The Boys, subvertendo uma cena icônica. Além disso, introduziu um elemento misterioso e perturbador: um "caxinho do mal", intensificando a expectativa para o próximo capítulo. Uma personagem que muitos acreditavam estar afastada por um tempo surpreendeu ao retornar, reacendendo antigas questões. E para os observadores atentos, uma análise da ending do segundo episódio, à luz dos eventos do terceiro, semeia diversas teorias sobre o possível desfecho da história.

A Fé de Um: Origem de um Poder Inesperado

Um ponto central do episódio foi a explicação da origem dos poderes do bombeiro, que mais tarde se tornaria o herói Enrist (ou Firm Man na tradução inglesa, uma escolha que gerou discussões sobre a sonoridade da adaptação para o português). A fé de uma única pessoa, a garotinha que ele resgatou, foi suficiente para lhe conceder superforça no momento crítico, permitindo que ele sustentasse uma estrutura colossal. Essa revelação destaca que a magnitude da fé não é necessariamente quantitativa; a intensidade da crença de um indivíduo pode gerar um poder significativo.

Após o ato heroico, a fama de Enrist cresceu exponencialmente, alimentando seus poderes com a fé de inúmeras pessoas. Contudo, essa mesma fé o aprisionou em uma identidade imutável de herói, incapaz de se desviar do papel que lhe foi imposto. A própria tradução de seu nome, Enrist, que remete a algo reto e firme, simboliza essa rigidez em sua existência.

Referências Ousadas e a Introdução de Novos Atores

A cena impactante em que um supervilão se desintegra ao colidir com Enrist é uma clara inversão de uma sequência de The Boys, onde um super-herói causa a morte de um civil em alta velocidade. Essa referência explícita demonstra a ousadia da produção em dialogar com outras obras do gênero.

O episódio também plantou as sementes para futuros arcos, mencionando o herói Nice (Esol), que estava em perseguição ao vilão que se autodestruiu em Enrist. Além disso, vislumbramos tensões entre os próprios heróis, com um deles tentando atacar Nice.

A Reviravolta Emocionante: A Vilã com um Propósito

A grande reviravolta do episódio revelou a identidade da vilã que ameaçava explodir uma área extensa: a Garota Lobo era, na verdade, a mesma garotinha que Enrist salvara anos atrás. O cachecol que ela lhe dera era um símbolo de sua conexão. As ações da Garota Lobo, incluindo a disseminação de panfletos difamatórios e a destruição da estátua de Enrist, tinham um objetivo surpreendente: diminuir a fé das pessoas nele para que ele perdesse seus poderes e pudesse voltar a ser uma pessoa normal, acreditando que essa seria a chave para sua felicidade. As sequências em animação 2D que ilustravam o sofrimento de Enrist sob o peso de seus poderes foram um destaque emocional do episódio.

A revelação da identidade da Garota Lobo e a retirada de sua fé surtiram efeito, fazendo com que Enrist perdesse seus poderes. Nesse momento crítico, Nice se viu obrigado a sustentar a estátua que caía, em uma cena carregada de emoção, impulsionada por uma versão instrumental da trilha sonora característica de Nice. Através de uma transmissão ao vivo, Nice começou a angariar a fé das pessoas, conseguindo erguer a estátua. A narrativa se revelou uma história de redenção e sacrifício, onde a vilania da Garota Lobo era, na verdade, uma tentativa desesperada de salvar o herói que a ajudara. Essa complexidade narrativa é uma marca registrada do criador de Link Click, conhecido por suas tramas repletas de reviravoltas e foco em histórias humanas.

O Encontro Hilário e as Reflexões de Nice

O encontro entre Nice e o agora impotente Enrist trouxe momentos de humor, com o ex-herói compartilhando os inconvenientes bizarros de sua condição superpoderosa, como a impossibilidade de usar o banheiro normalmente ou de dormir deitado. Apesar do tom cômico, essas situações reforçavam a ideia de que os poderes, para Enrist, eram mais um fardo do que uma bênção.

Nice, por sua vez, começou a confrontar a crescente influência da fé das pessoas em sua própria identidade. Ele percebeu que estava desenvolvendo manias e características que não lhe eram próprias, como uma obsessão por limpeza, reflexo da imagem de perfeição que o público havia construído sobre ele. Essa reflexão ecoa a conversa que teve com Moon no episódio anterior, questionando seus próprios objetivos e a direção que sua vida estava tomando sob o peso das expectativas alheias. Sua ascensão ao top 10 dos heróis, embora um objetivo da empresa, parecia vazia diante dessa crise de identidade. A própria numeração de sua posição, que inicialmente parecia um erro de continuidade, revelou-se uma sutil indicação de sua jornada.

A conclusão do episódio deixou um gancho intrigante, com Nice refletindo sobre sua identidade e a aparição inesperada de um personagem, preparando o terreno para um desenvolvimento significativo no próximo episódio, que será o último do arco de Nice.

Teorias da Ending: Um Futuro Incerto para os Heróis?

A ending de To Be Hero X tem gerado inúmeras teorias entre os fãs. Uma delas, já mencionada, sugere uma transformação na aparência de Nice, fundindo sua identidade real com a imagem do herói, mas agora com a consciência do público sobre sua verdadeira natureza.

No entanto, uma teoria mais abrangente levanta a possibilidade de uma mudança fundamental no próprio sistema de poderes do mundo de To Be Hero X. A cena da ending que mostra o personagem X em um confronto pelo trono (o topo do ranking de heróis) sugere um clímax épico para a animação.

Analisando o episódio em questão, os poderes de Enrist se mostraram mais prejudiciais do que benéficos, e o caso de Mu no episódio 2 ilustrou como a fé das pessoas pode manipular um indivíduo, alterando seus objetivos e sua própria identidade para se adequar às expectativas do público. O próprio Nice está experimentando essa perda de sua individualidade.

A referência ao "ano 34 depois da comissão" sugere um ponto de inflexão na história do mundo, possivelmente relacionado ao surgimento da capacidade de ganhar poderes através da fé. A torre que aparece em algumas cenas poderia ser a fonte ou um ponto focal dessa energia.

A teoria mais ousada propõe que o objetivo final de X seja destruir esse sistema de poderes. A cena em que um dispositivo no braço de um personagem, que mede a fé das pessoas, desaparece, poderia ser um prenúncio do fim dessa dinâmica. O trono vazio no final da ending e o cenário de destruição ao seu redor poderiam simbolizar a queda de todo o sistema de heróis como eles o conhecem. X estaria libertando-os dessa "maldição" da fé alheia, permitindo que vivam suas vidas sem o peso das expectativas.

Embora essas teorias sejam especulativas, baseadas em pistas visuais e narrativas, a ending de To Be Hero X certamente planta sementes de dúvida e expectativa para o futuro da história. A maestria do autor em criar ganchos e reviravoltas garante que o público permanecerá ansioso para desvendar os mistérios que cercam esse mundo fascinante e seus personagens complexos.