Prepare-se para mergulhar nas entranhas de uma mente criativa que está redefinindo o conceito de anime! Sunghoo Park, o aclamado diretor por trás de fenômenos como "The God of High School" e a primeira temporada de "Jujutsu Kaisen" (e seu filme), concedeu uma entrevista exclusiva onde revela os bastidores e as mensagens explosivas de seu novo anime original: "BULLET/BULLET"! Com perseguições automotivas de tirar o fôlego, um mergulho em tecnologia analógica e um comentário social cortante sobre o futuro da humanidade, este anime promete ser um soco no estômago e um convite à reflexão. A SuraNews desvenda os segredos por trás dessa obra que está prestes a dominar as telas!

Carros, Caos e Inspirações: O Coração Pulsante de "BULLET/BULLET"

No centro de "BULLET/BULLET" está um anime de assalto pós-apocalíptico com um foco avassalador em sequências de perseguição de carros. Park, um confesso entusiasta automotivo, explica a paixão por trás das cenas: "Eu amo carros e amo dirigir. Adoro a tensão que vem da aceleração. Quando estou assistindo filmes de Hollywood com perseguições de carro no cinema, fico tão animado com a velocidade que sinto que não consigo respirar. Eu gosto desses momentos. [...] Eu fiz muitas cenas de moto em outros trabalhos, mas não fiz nenhuma cena séria de ação com carros. Então, eu coloquei toda a emoção que senti na alma deste anime. Eu queria apresentar o que senti [ao assistir filmes semelhantes] ao público — e é por isso que fiz este filme com a ação de carros como foco principal."

A influência de clássicos é inegável. Park revela que "Mad Max é um dos meus três filmes favoritos". Ele já havia incluído elementos de "Mad Max" em "Garo: Vanishing Line", seu primeiro anime como diretor. Agora, com "BULLET/BULLET" também ambientado em terras devastadas, especialmente no episódio 11, a vibe de "Mad Max" é mais do que presente, encaixando-se perfeitamente na atmosfera da obra.

Mas as inspirações não vêm apenas de Hollywood. Park, um grande fã do jogo "Ridge Racer" do PlayStation, trouxe uma abordagem visual única. "Naquela época, era um jogo onde o ângulo da câmera era fixo [bem atrás do carro], mas o jogo ainda fazia muitas coisas diferentes com isso", explica Park. Ele quis introduzir essa perspectiva de câmera travada do "Ridge Racer" em seu anime. O resultado são veículos de tirar o fôlego, como o carro do protagonista, Bullet, e, principalmente, a máquina de Noah, que parece uma fusão entre uma motocicleta e um avião Lockheed P-38 Lightning.

O Toque Analógico e o Perigo da Digitalização Excessiva

"BULLET/BULLET" é um festim de tecnologias do passado e do futuro, com a tecnologia analógica permeando a cidade murada onde os sobreviventes humanos vivem. De fitas VHS e cassetes a disquetes usados como chaves, a nostalgia é um dos motivos. Park, ao falar sobre o slot de cartucho do personagem robótico Q u-0213, exclama: "O Super Nintendo! Era parte da cultura da época para as crianças removerem a poeira do cartucho assoprando e coisas assim. É algo que os jovens de hoje não entendem, então eu queria incluir coisas semelhantes em 'BULLET/BULLET' — a diversão do analógico."

No entanto, há uma razão mais profunda. Park, que viveu a transição do analógico para o digital, questiona se tudo realmente melhorou. "Pelo contrário, parece que o 'toque humano' do analógico desapareceu na transição para o digital." Ele acredita que a evolução e o aumento da automação levaram à perda de conexão humana. Isso é visível nas cidades do anime: a cidade de Gear, que lembra o Japão ou a Coreia dos anos 80, onde as pessoas vivem próximas; os ermos, que representam para onde ele sente que estamos indo com a digitalização; e uma cidade de alta tecnologia que, apesar da beleza, esconde o mal e pessoas que vivem sem questionar.

Ameaça da IA e a Exploração da Sociedade

Um dos temas centrais de "BULLET/BULLET" é a prevalência da IA e seu impacto na humanidade. "No que diz respeito à IA neste anime, o mundo agora é dominado por ela", explica Park. Sua preocupação é que, com a dependência da IA, as pessoas parem de ouvir uns aos outros, perdendo sua humanidade e levando ao colapso social. Contudo, Park não é totalmente contra a IA. Ele vê potencial na IA para realizar 80% do trabalho de forma eficiente, deixando os 20% criativos para os humanos. "Então, se apenas estabelecermos regras a seguir, acho que a IA pode se tornar uma ferramenta muito útil para o mundo."

Outro tema abordado é a exploração dos ricos sobre a classe trabalhadora, e a aceitação dessa exploração como norma. Park respeita aqueles que, mesmo diante da injustiça, seguem em frente e encontram alegria na vida. No entanto, o anime busca inspirar a expressar sentimentos, mesmo que seja apenas uma palavra contra a exploração.

Entretenimento, Inspiração e a Moral da História

O anime também explora o papel do entretenimento. Na história, ele é uma ferramenta para acalmar as pessoas ou uma fuga da realidade. Park vê a ficção como algo que nos traz estabilidade, mas em "BULLET/BULLET", a ficção é usada para explorar o mundo. O protagonista, então, destrói essa ficção na qual as pessoas estão escapando. Park reconhece a contradição inerente de seu próprio anime sendo uma obra de ficção: "O mundo não é um lugar difícil? [...] Se você apenas assistir 'BULLET/BULLET', que é um anime em nossa realidade hoje, você será 'explorado' por nós. Você vai esquecer todos aqueles momentos difíceis — beber cerveja, rir, chorar — e, dessa forma, acho que o público vai querer ser explorado por nós, os criadores desta obra."

Por fim, o tema mais esperançoso de "BULLET/BULLET" é a ideia de que ações aparentemente inúteis podem inspirar a próxima geração. Mesmo que Gear e seus amigos não pudessem mudar tudo imediatamente, suas ações não foram em vão. Quando Noah faz seu discurso no episódio 11 e as pessoas veem os personagens lutando, elas compreendem que cada um está dando um passo à frente, recusando-se a ser explorado. "Embora possa parecer uma ação em vão, a verdade é que as ações de cada pessoa fazem com que as coisas pareçam mudar pouco a pouco — e acho que é isso que provoca a maior mudança", afirma Park.

A moral da história, segundo Park, é clara: os três protagonistas de "BULLET/BULLET" não são famosos ou excepcionais em combate, mas quando veem algo errado, eles agem. "Então, mesmo que muitas coisas estejam acontecendo no mundo, espero que os espectadores tenham a coragem de dizer algo, mesmo que seja uma opinião oposta [da maioria das pessoas] — ou tomem alguma atitude — depois de assistir a este anime."

"BULLET/BULLET" pode ser assistido na América do Norte pelo Disney+. Prepare-se para uma experiência que vai te fazer pensar e, talvez, te inspirar a agir.