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Gantz: Um Potencial Popular, Mas com Inconsistências Narrativas Significativas

16-04-2025

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Gantz é um mangá que conquistou uma considerável popularidade dentro da comunidade de leitores de mangá, conhecido por sua premissa intrigante e ação intensa. No entanto, ao mergulhar em sua narrativa, algumas inconsistências e escolhas de roteiro podem gerar questionamentos sobre o aproveitamento total do seu potencial.

Um dos pontos que suscita debate é a maneira como a obra lida com eventos de grande impacto na trama. A situação envolvendo o personagem Kato ilustra bem essa questão. Após morrer e permanecer ausente por um período considerável, seu retorno à história é tratado com uma notável falta de reação por parte dos outros personagens. Colegas de escola, familiares e amigos não demonstram surpresa, preocupação ou qualquer tipo de sequela emocional diante de seu desaparecimento prolongado e retorno inexplicável. Essa ausência de impacto nas relações interpessoais e no desenvolvimento da trama principal pode soar ilógica e desconectada da realidade dos eventos narrados.

Ademais, a sobrevivência da personagem Thay durante o cenário apocalíptico apresentado na história se destaca como um dos momentos mais controversos e difíceis de justificar dentro da lógica interna do mangá. A sequência em que Thay é capturada por alienígenas e levada para uma instalação de extermínio em massa, onde inúmeras pessoas encontram um fim brutal, culmina em sua sobrevivência aparentemente inexplicável. A alegação de que ela escapa da morte simplesmente gritando o nome de outro personagem ("Kei-chan") afigura-se como um artifício de roteiro quebra a suspensão de descrença e desafia a coerência narrativa. Se Thay fosse uma personagem com habilidades de combate notáveis, uma inteligência acima da média ou qualquer outra característica que a distinguisse das demais vítimas, sua sobrevivência, mesmo em um contexto extremo, poderia ser mais aceitável. Contudo, ela é apresentada como uma personagem sem atributos especiais, tornando sua fuga de uma nave alienígena de extermínio algo que soa puramente como uma conveniência narrativa. Uma abordagem alternativa, como a morte de Thay servindo como catalisador para o desenvolvimento do protagonista Kurono, forçando-o a buscar meios de ressuscitá-la, talvez através de um confronto direto ou uma troca com os alienígenas, poderia ter enriquecido a trama de forma mais significativa. A decisão de protegê-la com uma barreira de roteiro implausível no meio do fim do mundo prejudica a imersão na história.

A progressão da narrativa também apresenta um ritmo desigual. O início do mangá estabelece um tom sombrio e violento, com inúmeras mortes e cenas de destruição. Posteriormente, a introdução de diversos conceitos e elementos da trama sugere a possibilidade de explicações e respostas para os mistérios apresentados. No entanto, essa expectativa muitas vezes não se concretiza, com a introdução de novos personagens que são rapidamente descartados ou a digressão para arcos narrativos que parecem pouco relevantes para a história principal, como o envolvimento com vampiros aleatórios ou a introdução de uma equipe de Gantz com pouca influência no desenvolvimento dos eventos. O clímax da obra, caracterizado por uma sucessão frenética de mortes e pela escalada da destruição mundial, envolvendo diferentes espécies alienígenas, robôs gigantes e naves espaciais, pode transmitir a sensação de uma produção apressada, priorizando o impacto visual e a violência em detrimento de uma construção narrativa mais coesa e aprofundada. Essa pressa em apresentar eventos chocantes pode ter levado ao desperdício de um potencial narrativo mais rico e explorado.

Em suma, embora Gantz possua uma premissa atraente e momentos de ação impactantes, a obra apresenta inconsistências lógicas e escolhas de roteiro questionáveis que podem prejudicar a experiência do leitor. A falta de consequências significativas para eventos importantes e a sobrevivência implausível de certos personagens em situações extremas minam a credibilidade da narrativa. A sensação final é de que o potencial inicial do mangá, com suas ideias intrigantes e atmosfera única, não foi totalmente realizado devido a essas falhas na execução da história.

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