O Bitcoin atingiu um novo patamar, ultrapassando a marca de US$ 116 mil, e o impacto dessa valorização ecoa nos corredores do poder em Brasília. Diante deste cenário, a Câmara dos Deputados convocou representantes do Banco Central do Brasil e do Ministério da Fazenda para discutir a viabilidade da criação de uma reserva estratégica de Bitcoin para o país.
A alta expressiva do Bitcoin, que superou os 5% em um único dia, reacendeu o debate sobre a importância das criptomoedas no cenário econômico global. Especialistas apontam que o fluxo de investimentos no mercado cripto, impulsionado pelos ETFs de Bitcoin e Ethereum, tem atraído cada vez mais investidores. Além disso, o apetite por risco nos mercados globais, aliado ao aumento da liquidez, tem favorecido o setor como um todo.
Um ponto de destaque é a relação entre Ethereum e Bitcoin. O Ethereum, após encontrar um ponto de equilíbrio em relação ao Bitcoin, demonstra força em sua trajetória de alta. A expectativa é que essa tendência continue, impulsionada pela narrativa de tokenização de ativos e outras inovações em curso no ecossistema do Ethereum.
Diante dessa perspectiva de crescimento, a Câmara dos Deputados aprovou a convocação de figuras-chave do governo e do setor financeiro para debater a adoção de uma reserva estratégica de Bitcoin para o Brasil. A iniciativa atende a um requerimento do Deputado Federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança, e será realizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara.
Entre os convocados, estão Nilton José Schneider David, Diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, e Gabriel Mello, Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Além deles, representantes da Associação Brasileira de Criptoeconomia (Abcripto), da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e da Méliuz também participarão do debate.
O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança destaca a importância de colher a visão técnica das autoridades federais sobre o tema, especialmente após a manifestação do chefe de gabinete do Ministro e Vice-Presidente Geraldo Alckimin, Pedro Giocondo, sobre a necessidade de debater com rigor a constituição de uma reserva soberana de valor de Bitcoin.
A convocação faz parte das discussões do projeto de lei PL 4501, de autoria do Deputado Federal Eros Biondini, que propõe a criação de uma reserva de Bitcoin no Brasil. O projeto, que já avançou na Câmara dos Deputados, recebeu um relatório positivo do relator da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o Deputado Luis Gastão, que defende sua aprovação.
Segundo o relator, a alocação de uma fração controlada das reservas em criptoativos como o Bitcoin pode funcionar como um instrumento de diversificação de portfólio, reduzindo a exposição exclusiva a moedas fiduciárias sujeitas a choques geopolíticos ou políticas monetárias internacionais.
A proposta prevê a criação da RESBit, uma reserva de Bitcoin limitada a até 5% das reservas internacionais brasileiras. A aquisição seria feita de forma planejada e gradual, utilizando tecnologias seguras como carteiras frias (cold wallets). A gestão da RESBit seria atribuída ao Banco Central do Brasil e ao Ministério da Fazenda, com monitoramento baseado em blockchain e inteligência artificial, além de relatórios semestrais ao Congresso Nacional.
Apesar do relatório positivo, o projeto ainda precisa ser analisado por outras comissões antes de ir para votação na Câmara e no Senado.
Especialistas alertam para os riscos da alocação total de recursos em Bitcoin, dada a volatilidade do ativo, mas reconhecem a relevância crescente da criptomoeda no mercado financeiro global. Embora ainda sujeita a oscilações, o Bitcoin tem apresentado flutuações menos abruptas, refletindo a maturidade do mercado e a maior participação institucional.
O mercado cripto vive um momento de otimismo, com o Bitcoin em tendência de alta e analistas projetando novas valorizações. No entanto, é fundamental manter a cautela, pois o setor continua exposto a riscos regulatórios, de liquidez e segurança.