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Record Ataca YouTuber Goularte: Crime e Games em Debate

13-07-2025
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A recente associação entre um criador de conteúdo e um crime violento no Rio de Janeiro reacendeu a discussão sobre a influência de jogos e a responsabilidade da mídia. O YouTuber Goularte se viu no centro da polêmica após uma reportagem da Record TV ligar seu vídeo sobre o jogo "The Coffin of Andy and Leyley" a um caso de triplo homicídio qualificado em Itaperuna. A matéria, exibida no programa Domingo Espetacular, gerou indignação e levanta questões sobre ética jornalística, sensacionalismo e a interpretação de obras de ficção.

O caso em questão envolve dois adolescentes suspeitos de cometer o crime, cuja suposta inspiração no jogo foi divulgada pela polícia. A reportagem da Record, ao apresentar uma reconstituição dos fatos, incluiu especulações que sugeriam que o vídeo de Goularte teria servido como um "tutorial de assassinato" para os jovens. Essa interpretação causou revolta no YouTuber e na comunidade gamer, que criticaram a superficialidade da análise e a tentativa de culpar o entretenimento pela violência.

Goularte, cujo vídeo intitulado "O jogo dos irmãos canibais" acumula milhões de visualizações, se pronunciou sobre o caso, expressando sua indignação e considerando medidas legais contra a emissora. Ele argumenta que a reportagem distorceu os fatos, apresentando seu conteúdo como uma influência direta no crime. O YouTuber defende que seu vídeo é uma análise de um jogo de terror psicológico, voltado para um público adulto, e que a tentativa de simplificar causas complexas de violência é irresponsável.

O advogado João de Senzi, especialista em Direito Digital, analisou o caso e apontou possíveis violações por parte da Record TV. Segundo ele, Goularte pode recorrer à Justiça por danos morais, uso indevido de imagem e violação de direitos autorais. A utilização de trechos do vídeo sem autorização e fora de contexto comprometeria a integridade da obra, configurando infração à legislação que protege o conteúdo criativo. Senzi também ressaltou que a tentativa de anonimizar o vídeo foi ineficaz, já que ele foi rapidamente reconhecido nas redes sociais.

O especialista também mencionou a importância de compreender o contexto de obras de ficção e evitar julgamentos apressados e coberturas sensacionalistas. A transformação de uma análise narrativa em um "manual de crime" extrapola os limites da crítica jornalística, segundo Senzi.

O posicionamento de Goularte reforça as críticas ao sensacionalismo e à busca por culpados fáceis. O YouTuber destaca que o jogo em questão é um RPG com temas pesados, voltado exclusivamente ao público adulto. Ele argumenta que a verdadeira questão reside na tentativa de simplificar causas complexas de violência, como traumas, negligência familiar e transtornos psicológicos, transferindo a responsabilidade para a cultura gamer.

Outro advogado, Luiz Augusto D’Urso, entrevistado pela Record na reportagem, também se manifestou após a repercussão do caso. Ele esclareceu que não defende a proibição de jogos violentos, tampouco a responsabilização direta de criadores de conteúdo. Para D’Urso, esses jogos são formas legítimas de expressão artística e não devem ser tratados como incentivadores automáticos de violência real.

D’Urso, no entanto, demonstra preocupação com o acesso de menores a conteúdos sensíveis, reforçando a importância da classificação indicativa. Ele defende uma atuação mais firme do Estado e dos órgãos responsáveis na regulação de conteúdos digitais, com foco na proteção da infância e adolescência. O advogado sugere que criadores que compartilham jogos com cenas violentas devem ser mais rigorosos na sinalização de idade.

O caso reacende o debate sobre a responsabilidade da mídia na cobertura de crimes e a necessidade de evitar generalizações e sensacionalismo. A associação entre jogos e violência é um tema complexo que exige uma análise cuidadosa e a consideração de diversos fatores. A busca por culpados fáceis e a demonização da cultura gamer podem desviar a atenção das verdadeiras causas da violência e impedir a implementação de medidas eficazes para combatê-la. A educação digital, a mediação parental e a fiscalização das plataformas são caminhos mais eficazes para garantir o acesso seguro à cultura dos games.

FONTE: TECMUNDO.BR

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