O anúncio dos preços do Nintendo Switch 2 e de jogos como Mario Kart World e Donkey Kong Bananza no Brasil acendeu um sinal de alerta entre os fãs da marca. A estratégia da Nintendo parece clara: não haverá facilidades para o bolso do consumidor brasileiro, especialmente no que tange ao valor dos jogos.
Embora o preço sugerido de R$ 4.500,00 para o Switch 2 possa soar elevado, essa prática não é inédita no mercado nacional. Já vimos consoles de outras marcas chegarem ao Brasil com valores exorbitantes, superando em muitas vezes o preço em dólar. Com o tempo, essa situação tende a se amenizar. O PlayStation 5, por exemplo, lançado por R$ 5.000,00, hoje pode ser encontrado por valores significativamente menores. O próprio Nintendo Switch OLED, modelo mais caro da geração anterior, é frequentemente vendido no Brasil por menos de R$ 1.900,00, chegando a promoções ainda mais atrativas. Portanto, a expectativa é que o preço do Switch 2 também se torne mais acessível com o passar dos anos.
O verdadeiro problema reside na política de preços dos jogos da Nintendo no Brasil, que beira o abusivo. Essa prática não se justifica nem mesmo considerando a cotação atual do dólar. O lançamento de Donkey Kong Bananza por R$ 440,00 e Mario Kart World por R$ 500,00 representam um golpe duro para os consumidores.
Para contextualizar, os jogos exclusivos do Nintendo Switch, como Mario Kart 8 Deluxe, The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Super Mario Odyssey, custavam cerca de R$ 250,00 em seus primeiros anos no Brasil. Esse valor foi reajustado para R$ 299,00 devido à valorização do dólar. Em menos de cinco anos, o preço de um jogo exclusivo da Nintendo dobrou, se compararmos os lançamentos do Switch 1 com Mario Kart World. Mesmo ao comparar Donkey Kong Bananza com os preços praticados até 2020, o aumento é de 76%.
Analisando um período mais recente, até o início de 2025, os grandes exclusivos de Nintendo Switch custavam R$ 299,00, com exceção de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, que custava R$ 357,00. Mario Kart World, o jogo mais caro do Switch 2 no lançamento, será 40% mais caro do que Tears of the Kingdom era até março de 2025, e 25,3% mais caro do que os atuais R$ 399,00 cobrados pelo jogo de valor mais alto do Switch 1. Donkey Kong Bananza, por sua vez, será 47,15% mais caro que jogos como Super Mario Odyssey, Zelda Breath of the Wild, Mario Kart 8 e Super Smash Bros. Ultimate até março de 2025.
Mesmo após o recente reajuste desses títulos para R$ 349,00, Donkey Kong Bananza ainda é 26% mais caro e 10% mais caro que o preço atual de Tears of the Kingdom, mesmo com ambos os jogos custando 70 dólares nos Estados Unidos.
A situação se agrava quando percebemos que os jogos da Nintendo estão custando mais caro no Brasil do que a simples conversão do dólar para o real. Donkey Kong Bananza, por exemplo, custa R$ 40,00 a mais do que a conversão direta da moeda americana. Mario Kart World, por sua vez, custa R$ 46,40 a mais.
Além de inaugurar um novo patamar de preços com Mario Kart World, a Nintendo adota uma política que prejudica o consumidor brasileiro: o preço dos jogos nunca diminui, independentemente do tempo de lançamento. Pior ainda, esses valores podem ser reajustados para cima caso o real se desvalorize em relação ao dólar, como vimos com o aumento dos jogos de Switch ao longo dos anos.
Enquanto outras empresas realizam cortes de preços e promoções mesmo em títulos aclamados, a Nintendo mantém seus jogos com o mesmo valor de lançamento, independentemente do sucesso ou da recepção do público.
Mario Kart World pode ser apenas o primeiro de uma série de jogos do Switch 2 a custarem 80 dólares. Títulos de franquias populares como Super Smash Bros., Animal Crossing, The Legend of Zelda e Mario devem seguir o mesmo caminho.
A Nintendo parece ignorar a realidade financeira do Brasil, elitizando o acesso aos seus jogos. Essa política, somada à ausência de promoções e descontos significativos, torna o consumo de jogos exclusivos do Switch 2 insustentável para a maioria dos brasileiros. A mensagem é clara: o Brasil não é um mercado prioritário para a Nintendo, e seus produtos são destinados a um público seleto que pode pagar preços exorbitantes.