A celebração dos quinze anos da franquia "NieR" trouxe à tona uma revelação que ecoou entre os fãs: a profunda influência de "Neon Genesis Evangelion" na obra de Yoko Taro. Em uma entrevista comemorativa, o diretor criativo e o produtor Yosuke Saito compartilharam detalhes sobre a origem da saga, seus desafios e triunfos. No entanto, foi a menção direta a "Evangelion" que realmente capturou a atenção.
Quando questionado sobre suas inspirações para "NieR:Automata", Yoko Taro foi direto: "Definitivamente, Evangelion. Mas, bem, tudo que eu faço é influenciado por Evangelion." Essa declaração não apenas confirmou as suspeitas de muitos fãs, mas também iluminou as raízes da visão existencialista que permeia "NieR". Os temas de identidade, vazio, solidão e a busca por significado em um mundo pós-humano, elementos marcantes da saga, encontram um eco claro no legado narrativo de Hideaki Anno e sua revolucionária série de anime.
Essa não é a primeira vez que Yoko Taro cita "Evangelion" como uma fonte de inspiração. Em outra entrevista, ele reiterou a importância da obra de Anno, revelando que a história de "NieR:Automata" é, em grande parte, uma reinterpretação de "Evangelion". Essa honestidade brutal sobre sua inspiração demonstra a reverência de Taro pela obra que o moldou.
A influência de "Evangelion" em "NieR" vai além dos temas existenciais. A própria estrutura narrativa, com seus múltiplos finais e reviravoltas inesperadas, pode ser vista como um reflexo da complexidade e da ambiguidade que caracterizam a série de anime. Assim como "Evangelion" desafiou as convenções do gênero mecha, "NieR" subverte as expectativas dos jogos de RPG, oferecendo uma experiência que é tanto emocionante quanto profundamente reflexiva.
A entrevista também revelou detalhes fascinantes sobre o desenvolvimento do primeiro jogo da saga, "NieR (2010)". Desde a exigência de executivos da Square Enix para que o personagem principal tivesse um "torso maior" até a decisão de Yoko Taro de manter em segredo a eliminação dos dados do jogador em um dos finais, os bastidores da criação de "NieR" são repletos de curiosidades e desafios.
A ideia de androides lutando contra robôs em "NieR:Automata" surgiu como uma solução criativa para a ausência de humanos no universo da história. Essa decisão narrativa, aparentemente simples, abriu um leque de possibilidades para explorar temas como a inteligência artificial, a consciência e o futuro da humanidade.
Os múltiplos finais do jogo, uma característica marcante da série, foram inspirados por "Drakengard" e surgiram como uma forma de adicionar mais conteúdo a pedido da Square Enix. Apesar das dificuldades enfrentadas durante o desenvolvimento, Yoko Taro e Yosuke Saito expressaram orgulho por terem transformado "NieR" em uma franquia de renome internacional.
O diretor concluiu a entrevista com uma mensagem sincera, expressando o desejo de que o sofrimento infantil causado por decisões adultas diminua. Essa preocupação com a dor e o sofrimento, presente em toda a sua obra, é mais uma prova da profundidade e da complexidade de Yoko Taro como artista.
O legado de "NieR" continua a crescer, e a revelação da influência de "Evangelion" apenas enriquece nossa compreensão da saga. Sem a ousadia e a visão de Hideaki Anno, "NieR" talvez nunca tivesse se tornado a obra icônica que é hoje. A conexão entre essas duas obras, aparentemente distintas, demonstra o poder da inspiração e a capacidade da arte de transcender fronteiras e gerações.