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Netflix e os Animes: Entre Derrapadas Estratégicas e Aquisições Promissoras

19-04-2025

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A gigante do streaming, Netflix, volta a ser tema de discussões no universo dos animes, e desta vez, com uma mistura de críticas e expectativas. Após alguns acertos que sinalizavam uma mudança de postura e um olhar mais atento para o público otaku, a plataforma parece ter cometido um deslize estratégico com o lançamento de seu anime original, "Moonrise". Paralelamente, a Netflix tem demonstrado um apetite crescente por animes de sucesso, potencialmente impactando a presença de streamings concorrentes no mercado.

A polêmica em torno de "Moonrise" gira em torno de sua estratégia de lançamento. Desenvolvido pelo renomado estúdio Iti e vendido como um anime original exclusivo da Netflix (sem exibição na TV japonesa), a produção teve seus 18 episódios disponibilizados de uma só vez na plataforma. Essa decisão tem gerado críticas, inclusive por parte do próprio estúdio, que, segundo relatos, tem feito apelos para que a Netflix promova a animação de forma mais eficaz.

A estratégia de lançar todos os episódios simultaneamente contrasta com o modelo de lançamento semanal, que permite a criação de engajamento e expectativa ao longo do tempo. Ao liberar 18 episódios de uma vez, a Netflix priva o público da oportunidade de teorizar, discutir cada episódio individualmente e manter o anime em evidência por um período mais extenso. A comparação com o sucesso de "Arcane" é pertinente, já que esta última teve seus arcos narrativos lançados em blocos, mantendo o público engajado por um período considerável.

A crítica se intensifica ao lembrar que a Netflix adotou uma estratégia de lançamento gradual para outros animes como "Dandadan" e "Sakamoto Days", o que foi visto como um sinal positivo de adaptação às preferências do público otaku, que muitas vezes acompanha animes semanalmente durante suas temporadas de exibição. A decisão de lançar "Moonrise" integralmente parece um retrocesso, limitando seu potencial de gerar um impacto duradouro e discussões semanais.

A experiência de muitos espectadores de anime envolve o acompanhamento simultâneo de diversos títulos por temporada. Com uma agenda semanal já preenchida, maratonar 18 episódios de um novo anime se torna uma tarefa menos provável, mesmo que haja disponibilidade de tempo. Essa preferência pelo consumo semanal, aliada à falta de uma campanha de marketing robusta por parte da Netflix para "Moonrise", pode explicar o desempenho abaixo do esperado da animação.

Existe uma teoria que sugere que a própria Netflix, após avaliar o anime internamente, não teria identificado um potencial significativo para manter o público engajado semanalmente. Nesse cenário, o lançamento completo seria uma tentativa de incentivar a maratona, na esperança de que os espectadores concluíssem a série antes de perder o interesse. A nota recebida por "Moonrise" no MyAnimeList, baseada nas avaliações de quem já assistiu a todos os episódios, não é das mais promissoras, o que poderia corroborar essa teoria.

Outra perspectiva aponta para possíveis questões contratuais. Animes como "Dandadan" e "Sakamoto Days" são distribuídos simultaneamente em outras plataformas e na televisão japonesa. Nesses casos, um contrato de lançamento semanal na Netflix seria necessário para evitar a antecipação do conteúdo e proteger os interesses dos outros detentores de direitos de transmissão. A adoção do lançamento semanal para esses títulos poderia não ser uma decisão estratégica da Netflix, mas sim uma exigência contratual. Se essa hipótese for verdadeira, a preferência da Netflix por lançamentos integrais permaneceria, o que seria preocupante para a estratégia de engajamento de seus animes exclusivos.

A falta de uma divulgação eficaz por parte da Netflix para seus animes originais, como "Moonrise", é um ponto crucial. Enquanto o estúdio responsável pela animação anseia por uma promoção adequada, a Netflix parece ter depositado o sucesso do título unicamente em seu lançamento na plataforma. A visibilidade na Netflix é inegável, alcançando um público global, mas sem um esforço de marketing complementar, o potencial de gerar um burburinho duradouro é significativamente reduzido. Essa falta de apoio pode, a longo prazo, desestimular estúdios a venderem suas animações originais para a plataforma, apesar dos pagamentos atrativos.

Em contraste, animes que são distribuídos em parceria com a televisão japonesa e outras plataformas de streaming se beneficiam de uma campanha de marketing mais ampla e diversificada, impulsionada pelos diversos interessados em seu sucesso. A Netflix, nesses casos, se beneficia dessa divulgação externa, tendo menos necessidade de investir em marketing próprio.

Apesar do tropeço com "Moonrise", a Netflix tem apresentado movimentos positivos em sua estratégia de aquisição de animes. A adição de títulos aclamados como "Frieren" (presumivelmente "Free!"), que inclusive figurou em listas de melhores animes dos últimos anos, e que agora está disponível dublado, é um exemplo promissor.

Outros animes de destaque que foram adicionados ao catálogo da Netflix incluem "Frieren" e "Oshi no Ko". Essas aquisições representam adições valiosas ao catálogo, oferecendo aos assinantes acesso facilitado a produções de qualidade que já conquistaram o público.

Esses animes estavam anteriormente disponíveis na plataforma HiDive, um serviço de streaming com uma atuação considerada insatisfatória no Brasil, que acabou deixando o mercado nacional. Com a expiração dos direitos de exclusividade da HiDive, essas produções ganham uma nova oportunidade de alcançar um público maior através de plataformas mais acessíveis como a Netflix e, possivelmente, a Amazon.

A expectativa é que a Netflix e a Amazon continuem a adquirir títulos do catálogo da HiDive, o que poderia, a longo prazo, inviabilizar a permanência desta última no mercado. Embora um monopólio não seja desejável, a saída de plataformas com serviços deficientes e a concentração de conteúdo em serviços mais acessíveis e com melhor infraestrutura seria benéfica para o público.

Em suma, a estratégia da Netflix em relação aos animes apresenta uma dualidade: enquanto a abordagem de lançamento de seus originais, como visto em "Moonrise", levanta questionamentos sobre o engajamento a longo prazo, suas recentes aquisições de títulos populares demonstram um interesse em fortalecer seu catálogo e atender à demanda dos fãs de anime. A esperança é que a plataforma aprenda com seus erros e continue aprimorando sua estratégia para se consolidar como um destino preferencial para os amantes da animação japonesa.

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