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Light Yagami: Herói Corrompido ou Vilão Injustiçado?

15-05-2025

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Light Yagami, protagonista de Death Note, permanece como uma das figuras mais controversas e fascinantes do universo dos animes e mangás. Sua trajetória, desde um estudante brilhante e entediado até um assassino em massa autoproclamado "Deus do Novo Mundo", suscita debates acalorados sobre sua verdadeira natureza. Seria Light um vilão sem qualquer traço de redenção, um anti-herói incompreendido ou um herói que se perdeu em meio às suas próprias escolhas? A resposta, como bem aponta a análise em um recente vídeo, reside na perspectiva moral de cada espectador e no momento específico da narrativa em que a pergunta é feita. Para desvendar essa complexidade, é crucial examinar a vida de Light em ordem cronológica, buscando entender as engrenagens de sua mente em cada estágio de sua transformação.

Antes de empunhar o Death Note, Light era a personificação do sucesso juvenil. Um aluno exemplar, filho de um policial respeitado, dotado de uma educação impecável e um futuro promissor. Nada em sua conduta pregressa sugeria a sombra de um serial killer em potencial. Contudo, uma análise mais profunda revela um traço latente: um tédio profundo enraizado em sua inteligência superior. Light não precisava se esforçar para sobressair academicamente, estando anos-luz à frente de seus colegas. Essa disparidade intelectual o isolava, não apenas em termos de estudos, mas na ausência de desafios significativos e um propósito claro em sua vida. Sua rotina monótona de estudar, comer e dormir perpetuava um ciclo de insatisfação que o tornava particularmente suscetível a algo extraordinário.

O encontro fatídico com o Death Note, um caderno sobrenatural com o poder de matar qualquer pessoa cujo nome e rosto sejam conhecidos, ocorre em um dia como qualquer outro. Um caderno caindo do céu, capturando a atenção de Light em meio ao seu marasmo existencial. Inicialmente cético quanto à veracidade do objeto, a curiosidade e a falta de alternativas o impulsionam a testá-lo. Os dois primeiros testes, com resultados letais, marcam o ponto de inflexão na vida de Light. A reação inicial de choque e medo o ancora na normalidade humana, uma resposta natural a um evento tão perturbador. No entanto, a necessidade de justificar seus atos para si mesmo, um mecanismo psicológico comum, planta a semente do que viria a ser Kira. Light não era um psicopata nato; era um indivíduo extremamente inteligente, pressionado por expectativas e carente de um propósito até a chegada do Death Note, que, pela primeira vez em anos, conferiu um sentido à sua existência.

O acaso se transforma em convicção à medida que Light escreve mais nomes no caderno, solidificando sua crença de estar trilhando um caminho justo, cumprindo um desígnio divino. Essa crescente certeza o distancia cada vez mais do jovem que ele fora. Com a chegada de Ryuk, o Shinigami proprietário do Death Note, a dimensão do poder em suas mãos se torna inegável. A necessidade de autojustificativa inicial cede lugar a uma crença messiânica: se os deuses o escolheram para tal poder, ele era digno de decidir quem viveria e quem morreria. Seu objetivo transcende a mera punição de criminosos; ele almeja moldar a humanidade segundo sua própria ética, criando um mundo perfeito onde ele ascenderia à divindade. Sua declaração a Ryuk – um novo mundo livre de injustiça, povoado por indivíduos honestos e trabalhadores, com ele como seu Deus – ecoa com uma naturalidade assustadora, apagando os traços do adolescente indeciso e revelando um homem com um propósito, por mais distorcido que seja.

Imbuído de um narcisismo crescente, Light manipula as pessoas ao seu redor como peças em um tabuleiro, racionalizando suas ações como sacrifícios necessários para a concretização de um bem maior. Qualquer obstáculo a seus planos é sumariamente eliminado. Nesse estágio, Light ainda se percebe como um herói, um salvador escolhido para purificar o mundo. Essa autoilusão, comparada à dificuldade de convencer alguém de que está sendo enganado, o aprisiona em sua própria narrativa. O assassinato de Lind L. Tailor marca um ponto de não retorno crucial. Ao matar conscientemente um indivíduo inocente, motivado puramente pelo orgulho ferido pelas críticas televisivas, Light abandona qualquer pretensão de justiça genuína. Seu discurso de um mundo melhor se esvai, revelando a face de um homem que mata para preservar sua própria imagem e poder. Essa impulsividade, paradoxalmente, expõe sua arrogância e fornece a L as primeiras pistas cruciais sobre sua localização.

A partir desse ponto, a descida de Light à tirania se acelera. Policiais, agentes do FBI e civis tornam-se alvos em sua busca incessante por controle. A morte de Raye Penber e de doze outros agentes inocentes para proteger sua identidade sela sua transformação. A moralidade que ele outrora brandia se revela uma farsa, suplantada pela necessidade de vencer a qualquer custo. Sua perseguição e eventual assassinato de Naomi Misora, a noiva de Raye, que se aproximava perigosamente da verdade, enterram qualquer resquício de heroísmo. O mundo que Light alega construir se sustenta sobre um ciclo vicioso de morte e encobrimento, uma bola de neve de atrocidades. Ele não se vê mais como um herói, mas como um mártir, sacrificando-se por uma causa maior, numa distorção maquiavélica onde os fins justificam os meios. Essa racionalização, fruto de sua inteligência, o mantém preso à sua ilusão, pois admitir a verdade – que ele é apenas um assassino egoísta – desmoronaria toda a sua construção.

A validação externa, através de fóruns online, reportagens e cultos dedicados a Kira, infla ainda mais seu ego e sua percepção de divindade. Ele não apenas acredita estar fazendo o mal necessário, mas se considera o único capaz de consertar o mundo. O prazer que ele sente ao matar não reside na violência em si, mas na confirmação de seu controle e vitória. Contudo, essa busca por poder o afasta de sua própria humanidade, contradizendo seu objetivo inicial de proteger os inocentes. Seu ideal de justiça se distorce completamente, tornando-se mera conveniência.

A queda do império de Light, após a morte de L, é gradual, impulsionada por suas mentiras, medo e, principalmente, orgulho. O confronto final com Near expõe sua falibilidade. A subestimação de seus oponentes, fruto da mesma arrogância que o impulsionou, sela sua derrota. Sua morte, longe da divindade que almejava, o revela como um ser humano comum, falho e desesperado, implorando por sua vida e tentando justificar o injustificável. As palavras de Ryuk – "Não importa como você viveu sua vida, o pós-vida é o mesmo. Céu e inferno não existem. A morte é igual para todos" – negam toda a sua jornada, reduzindo-o a um mero mortal, um assassino comum sem um destino grandioso. Seu último suspiro, um "maldição", resume sua derrota não apenas no jogo mental contra Near, mas em sua luta para provar sua excepcionalidade.

Light Yagami, em última análise, é um espelho da complexidade humana. Inicialmente motivado por um senso distorcido de justiça, ele rapidamente sucumbe à sede de poder e ao orgulho, trilhando um caminho de violência e autoengano. Sua trajetória nos força a confrontar como boas intenções podem pavimentar estradas para ações terríveis. Ele transita entre herói, anti-herói e vilão em diferentes momentos, culminando em sua desoladora verdade: ele era apenas um assassino comum. Sua história serve como um lembrete sombrio de como a obsessão e o orgulho podem transformar pessoas comuns em monstros, e como a moralidade pode se tornar maleável quando confrontada com o poder absoluto.

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