A Monero (XMR), conhecida por seu foco em privacidade e anonimato, está no centro de uma controvérsia no mundo das criptomoedas. Um ataque de 51%, orquestrado por Sergey Ivancheglo, uma figura proeminente no desenvolvimento de tecnologias como Proof-of-Stake (PoS) e Directed Acyclic Graphs (DAG), expôs vulnerabilidades na rede e gerou debates acalorados na comunidade.
O ataque de 51% ocorre quando uma entidade ou grupo controla mais da metade do poder de mineração de uma blockchain, permitindo que manipule as transações e potencialmente reverta blocos já confirmados. No caso da Monero, Ivancheglo implementou uma estratégia engenhosa para atrair mineradores para sua pool, a Qubic.
Em vez de recompensar os mineradores com XMR, a pool Qubic oferece sua própria criptomoeda, Qubic (QUBIC), com um bônus adicional de 10%. Essa tática se mostrou eficaz, atraindo uma parcela considerável do poder computacional da rede Monero para a Qubic. Segundo dados recentes, a Qubic já detém cerca de 30% do poder de mineração da Monero, e o objetivo é ultrapassar a marca de 51% para obter controle total da rede.
O custo desse ataque é relativamente baixo em comparação com o valor da rede Monero. Estima-se que Ivancheglo esteja gastando cerca de US$ 7.000 por dia em QUBIC para incentivar os mineradores, enquanto a rede Monero possui um valor de mercado de bilhões de dólares.
A motivação por trás desse ataque não é puramente maliciosa, de acordo com o próprio Ivancheglo. Ele alega que seu objetivo é alertar a comunidade cripto sobre as vulnerabilidades inerentes a redes que dependem de mineração por processadores (CPUs). A Monero, ao contrário do Bitcoin, utiliza CPUs para mineração, o que a torna suscetível a botnets, redes de computadores infectados que podem ser usados para fins maliciosos, incluindo a mineração de criptomoedas.
Ivancheglo enfatiza que este ataque serve como um "teste" para a indústria de criptomoedas, demonstrando como um ataque não-benevolente poderia ser devastador. Ele argumenta que, no futuro, todas as criptomoedas podem enfrentar ataques semelhantes e é crucial estar preparado para defender as redes.
Diante dessa situação, Ivancheglo recomendou que as corretoras de criptomoedas que listam Monero aumentem o número de confirmações necessárias para validar as transações. Normalmente, uma transação de Monero requer um certo número de confirmações na blockchain para ser considerada segura. Ivancheglo sugere que, durante o período de 2 de agosto a 31 de agosto, as corretoras exijam pelo menos 13 confirmações para depósitos e saques de XMR. Essa medida visa mitigar o risco de blocos órfãos, que podem ocorrer quando mineradores competem para adicionar novos blocos à blockchain, levando à invalidação de algumas transações.
A comunidade Monero está dividida em relação a esse ataque. Alguns membros criticam Ivancheglo por colocar em risco a segurança da rede, enquanto outros reconhecem a importância de seu alerta sobre as vulnerabilidades existentes. Há relatos de que alguns membros da comunidade estão retaliando com ataques DDoS contra o servidor da pool Qubic, uma ação que Ivancheglo minimizou, atribuindo-a aos "mestres de botnet da Monero".
Apesar da controvérsia, o preço da Monero tem se mantido relativamente estável, com um leve aumento nas últimas 24 horas. Isso pode ser atribuído à crença de que a Monero ainda é a principal criptomoeda focada em privacidade, sem alternativas viáveis no mercado. No entanto, a situação atual serve como um lembrete da importância da segurança e da descentralização em todas as redes de criptomoedas.
O futuro da Monero dependerá de como a comunidade responderá a esse ataque. Uma possível solução seria implementar mudanças no algoritmo de mineração para torná-lo mais resistente a ataques de 51%. No entanto, qualquer mudança drástica na rede pode gerar divisões e resistência por parte de alguns membros da comunidade.