Os Thunderbolts, uma das equipes mais camaleônicas e moralmente ambíguas da Marvel Comics, sempre mantiveram os leitores na ponta da cadeira. Sua história, marcada por reviravoltas e mudanças drásticas de formação, explora a tênue linha que separa a redenção do caos. Desde sua estreia surpreendente como um grupo de vilões disfarçados de heróis até suas encarnações mais recentes lideradas por figuras como Luke Cage e o Soldado Invernal, os Thunderbolts reuniram alguns dos personagens mais perigosos e complexos do Universo Marvel. Neste artigo do blog, vamos mergulhar nas diversas formações que essa equipe singular já teve ao longo dos anos.

A gênese dos Thunderbolts ocorreu em Thunderbolts #1 (1997), um momento em que os principais heróis da Marvel, como os Vingadores e o Quarteto Fantástico, eram dados como mortos. O Barão Zemo, mestre do terror e estrategista astuto, viu nessa tragédia uma oportunidade de ouro. Ele e seus Mestres do Terror se disfarçaram como os heroicos Thunderbolts para conquistar a confiança do público fragilizado. Zemo assumiu a identidade do patriótico Cidadão V, enquanto seus aliados também adotaram alter egos heroicos: o Consertador tornou-se Techno, o Besouro virou MACH-1, a Canário Negro passou a ser Soprano, Golias se transformou em Atlas e a perigosa Rocha Lunar adotou o nome de Meteorita. Essa formação inicial, baseada na decepção, plantou a semente para a complexa história da equipe.

Após uma breve dissolução da formação original, MACH-1, anteriormente conhecido como o vilão Besouro, reuniu uma nova equipe em New Thunderbolts #1 (2004). Financiado pelo Barão Strucker e pela HIDRA, MACH-1 recrutou veteranos dos Thunderbolts como Soprano e Atlas, ao lado de vilões como o Homem-Radioativo e o Speed Demon, e até mesmo o instável herói Genis-Vell. Essa nova iteração já demonstrava a dificuldade da equipe em se manter puramente heroica ou vilanesca.

Durante o evento Guerra Civil, Tony Stark, o Homem de Ferro, necessitava de um exército para fazer cumprir o Ato de Registro de Super-Humanos. Em Thunderbolts #103, o Barão Zemo transformou os Thunderbolts precisamente nisso. Com dezenas de novos integrantes, incluindo assassinos como o Mercenário, simbiontes como Venom, vilões icônicos como o Duende Verde e o Dr. Octopus, os Thunderbolts passaram a caçar vigilantes que operavam fora da lei. Além disso, a equipe forneceu apoio direto às forças do Homem de Ferro em algumas das batalhas mais cruciais do conflito.

Após a Guerra Civil, os Thunderbolts continuaram atuando como uma equipe oficialmente sancionada pelo governo, com a missão de capturar heróis não registrados. Norman Osborn, sob medicação para suprimir sua perigosa persona do Duende Verde, assumiu a liderança do time. A formação incluía Venom, o Mercenário e Penance (o herói anteriormente conhecido como Speedball, traumatizado e buscando punição), ao lado de veteranos semi-reformados como Soprano, Rocha Lunar, o Espadachim e o Homem-Radioativo. A liderança de Osborn já prenunciava a instabilidade moral que marcaria futuras encarnações da equipe.

Durante a sombria fase Reinado Sombrio, Norman Osborn ascendeu a uma das figuras mais influentes do Universo Marvel. Ele transformou a SHIELD na organização HAMMER e transferiu alguns dos Thunderbolts mais violentos para os recém-criados Vingadores Sombrios. Os Thunderbolts foram então reformulados como a equipe de operações secretas da HAMMER. Essa nova formação reunia assassinos experientes e criminosos perigosos como Bazuca, Fantasma, Sr. X, Carrasco, Paladino e até o novo Homem-Formiga, Eric O'Grady. Nesse período turbulento, a espiã Natasha Romanov, a Viúva Negra, chegou a se infiltrar na equipe disfarçada como Yelena Belova.

Com a queda de Norman Osborn do poder, Luke Cage assumiu o comando dos Thunderbolts. Sua visão para a equipe era oferecer uma chance de redenção a vilões presos na Balsa. Sob a supervisão de Soprano (agora com o codinome MACH-V) e do Consertador (MACH-X), essa nova formação contava com nomes como Fantasma, Rocha Lunar, Fanático e Ossos Cruzados, utilizando o Homem-Coisa como meio de transporte. A liderança de Cage representou uma tentativa genuína de transformar os Thunderbolts em uma força para o bem.

O General Thaddeus "Thunderbolt" Ross, o Hulk Vermelho, montou sua própria versão da equipe em 2012. Com um grupo formado por assassinos e anti-heróis, Ross criou uma equipe para agir de forma agressiva, eliminando ameaças antes que se tornassem um problema. A formação incluía o Justiceiro, Deadpool, Elektra, Agente Venom e o Motoqueiro Fantasma, além de um antigo inimigo do Hulk, o Líder. Essa encarnação dos Thunderbolts era marcada por métodos violentos e moralidade questionável.

Após o Cubo Cósmico assumir a forma humana de uma garotinha chamada Kobik, a SHIELD passou a usá-la para criar Pleasant Hill, uma prisão onde os poderes de Kobik reescreviam as memórias dos detentos. Quando Kobik escapou, o Soldado Invernal, Bucky Barnes, formou uma nova equipe de Thunderbolts para protegê-la da SHIELD. Essa formação reuniu vários membros clássicos como Atlas, Rocha Lunar, o Consertador (agora com o codinome Fixer), MACH-X e, mais tarde, Soprano. A liderança de Bucky trazia uma perspectiva mais heroica, buscando proteger a inocente Kobik.

Em Punisher #13 (2018), Wilson Fisk reativou os Thunderbolts como uma força-tarefa para caçar o Justiceiro. A equipe, que operava oficialmente sob o gabinete do prefeito de Nova York, teve vida curta, mas contou com o retorno de Zemo na identidade de Cidadão V e com Retalho se passando pelo mercenário Paladino. A formação também incluía veteranos dos Thunderbolts como Rocha Lunar, o Consertador, o Homem-Radioativo e Fantasma. A motivação de Fisk era puramente política e vingativa.

Quando o deus dos simbiontes, Knull, atacou a Terra, o prefeito Fisk reuniu uma nova formação de Thunderbolts para proteger Nova York. A equipe era composta por vilões como Treinador, Senhor Medo, Star, Batroc e o Rino. Durante a missão que envolvia encontrar o Sentinela e resgatar Norman Osborn do Instituto Ravencroft, o grupo também recrutou a Alucinóide, Urso e Mr. Hyde. No final da crise, o Treinador usou os poderes de ilusão da Alucinóide para forjar a morte heroica da equipe e chantageou Fisk para conseguir salários melhores, demonstrando a natureza egoísta e oportunista de muitos membros.

Quando o prefeito Fisk proibiu toda a atividade vigilante em Nova York, ele nomeou os Thunderbolts como os executores oficiais dessa lei. Com o apoio de tropas policiais da Unidade Thunderbolt, a equipe foi expandida com nomes como Treinador, Dr. Octopus, Electro, Agonia, Chicote Negro, o Abominável, Ossos Cruzados, Kraven, o Caçador, e o Agente Americano, que inicialmente atuava como agente duplo, mas foi mentalmente controlado. Essa formação representava a aplicação autoritária da lei por vilões.

Após a queda de Wilson Fisk, Luke Cage foi eleito prefeito de Nova York e os Thunderbolts continuaram operando como os únicos heróis legalizados na cidade. Para reconstruir a imagem da equipe, o prefeito Cage recrutou o Gavião Arqueiro, America Chavez, Poderosa Persuasão, Fóton e o enigmático Glorioso. Essa nova formação enfrentou vilões que haviam servido nos Thunderbolts de Fisk, além de ameaças como o vilão Pesadelo, buscando realmente se redimir.

Mais recentemente, após derrubar uma organização secreta chamada Círculo Exterior, Bucky Barnes formou uma nova versão dos Thunderbolts para enfrentar o Caveira Vermelha. Ele reuniu um time de veteranos com a Viúva Negra (Natasha Romanov), a Viúva Branca (Yelena Belova), Sharon Carter, o Guardião Vermelho, Shang-Chi, o Agente Americano, Soprano e um modelo robótico da Condessa Valentina de Fontaine. A missão de Bucky chamou a atenção do Doutor Destino, que, pouco antes de tomar o controle do mundo, tentou recrutar o ex-Soldado Invernal. Diante da recusa de Bucky, Destino criou sua própria versão dos Thunderbolts, contando com o Consertador e a verdadeira Valentina, agora usando o codinome Cidadã V, colocando as duas equipes em rota de colisão.

A saga dos Thunderbolts é uma tapeçaria complexa de motivações, alianças e traições. Sua história reflete a constante luta entre o bem e o mal dentro de indivíduos poderosos e a dificuldade de definir o que realmente significa ser um herói. As múltiplas formações da equipe demonstram sua adaptabilidade e a eterna questão sobre se vilões podem realmente encontrar a redenção ou se sua natureza sombria sempre prevalecerá.